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Unindo Ventos e Raízes

Paulo Nunes de Abreu, PhD, CPF • Aug 26, 2023

Abordagem Inclusiva para o Parque Eólico em Sines e a Preservação dos Sobreiros

Segundo a Magazine Imobiliário (ver referências), o projeto de instalação do Parque Eólico de Morgavel, localizado no concelho de Sines, recebeu a designação de "imprescindível utilidade pública" por parte do Governo. Essa classificação implicará o abate de 1821 sobreiros e traz consigo a ameaça a várias espécies protegidas, incluindo um dos únicos dois casais de águia-pesqueira na região próxima ao Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, conforme alertado pela Quercus.


Uma vez mais persistem em tomar decisões sem envolver as populações locais e fazê-las participar na forma de solucionar o problema associado á construção de uma central eólica em Sines e o abate de sobreiros.


Fazendo participar as populações na criação do plano de compensação que é unilateralmente apresentado pela EDP Renovaveis o mesmo poderia ser amplamente melhorado e evitar conflitos e as manifestações de repúdio por parte das populações afetadas.


Para envolver a população rural e evitar conflitos na construção de um novo parque eólico em Sines, que possa envolver o abate de sobreiros, é necessário adotar uma abordagem ponderada e inclusiva. Aqui está uma estratégia abrangente a considerar:


1) Envolvimento e Participação da Comunidade:

Comece por organizar reuniões e workshops comunitários para informar a população local sobre os benefícios da energia renovável e o projeto do parque eólico. Incentive discussões abertas para compreender as preocupações e pontos de vista dos membros da comunidade. Envolva ativamente líderes locais, anciãos e influenciadores para ajudar a transmitir os objetivos e benefícios do projeto à comunidade.


2) Sensibilidade Cultural e Ambiental:

Reconheça a importância cultural e ambiental dos sobreiros para a comunidade local. Destaque as maneiras pelas quais o parque eólico pode coexistir com o ambiente natural e minimizar seu impacto nos sobreiros. Incorpore sugestões da comunidade para minimizar o impacto nos sobreiros, como ajustar a localização das turbinas ou adotar métodos avançados de construção.


3) Partilha de Benefícios:

Explique claramente os benefícios económicos e sociais que a comunidade receberá a partir do projeto do parque eólico, como oportunidades de emprego, melhorias de infraestrutura e fundos para desenvolvimento local.

Considere estabelecer um fundo de benefícios comunitários que aloque uma parte dos lucros do projeto para apoiar iniciativas locais e esforços de conservação.


4) Estratégias de Mitigação:

Colabore com especialistas em ambiente para desenvolver estratégias de mitigação que minimizem o impacto nos sobreiros e na biodiversidade local. Explore técnicas de construção inovadoras que possam reduzir a necessidade de abate de sobreiros, como o uso de plataformas elevadas para a instalação das turbinas.


5) Medidas Compensatórias:

Se for necessário abater alguns sobreiros, comprometa-se a plantar um número superior de novos sobreiros na área ou a apoiar esforços de reflorestamento em outros locais. Envolva a comunidade no processo de plantação de árvores, transformando-o numa atividade positiva e unificadora.


6) Educação e Formação:

Ofereça programas de formação aos residentes locais para possíveis oportunidades de emprego na construção, manutenção e operação do parque eólico. Colabore com instituições educacionais para desenvolver programas que capacitem os habitantes locais com competências relevantes para as indústrias de energia renovável.


7) Transparência e Comunicação:

Mantenha uma comunicação clara e transparente ao longo de todo o ciclo de vida do projeto, partilhando atualizações de progresso e abordando preocupações prontamente. Utilize linguagem acessível e canais de comunicação que se adaptem às preferências da comunidade local.


8 ) Cumprimento Legal e Regulamentar:

Garanta que todos os aspetos do projeto do parque eólico cumpram as regulamentações locais, incluindo avaliações de impacto ambiental e licenças. Envolva os membros da comunidade no processo de revisão para promover um sentido de responsabilidade e supervisão.


9) Colaboração de Longo Prazo:

Comprometa-se com uma colaboração contínua com a comunidade local, mesmo após a fase de construção, envolvendo-os nas decisões relacionadas com a operação do parque e iniciativas comunitárias.


10) Relações Públicas e Divulgação nos Media:

Utilize meios de comunicação locais para destacar os aspetos positivos do projeto, realçar os benefícios para a comunidade e partilhar histórias de colaborações bem-sucedidas.


Ao adotar uma abordagem holística e participativa, é possível minimizar conflitos e obter o apoio da população rural para o projeto do parque eólico, ao mesmo tempo que se respeitam os valores culturais e ambientais da comunidade.


Se partilha da nossa preocupação com o equilíbrio delicado entre o progresso e a preservação, e sente paixão por encontrar soluções sustentáveis para desafios como estes e para saber mais sobre como adotar estas estratégias participativas entre em contato comigo ou com o spin-off dos meus livros: col.lab   collaboration laboratory


Juntos, podemos trabalhar para criar um futuro onde o desenvolvimento responsável harmonize com o ambiente e as comunidades locais. As suas ideias e contribuições podem desempenhar um papel vital na construção de um caminho melhor.


Unamos esforços para fazer a diferença. Não hesite em contactar-nos aqui.



Referências adicionais

Site da Quercus Parque Eólico de Morgavel em Sines: Quercus pede alterações urgentes para compatibilizar critérios de conservação da natureza

Entrada no Site da APA - Sistema de Informação sobre Avaliação de Impacte Ambiental

Observador - Notícia sobre o parque eólico.

Magazine Imobiliário - Notícia sobre o parque eólico

Público - Notícia sobre protestos.


Acerca do Autor


Licenciado em Psicologia Social e das Organizações pelo ISPA, detém um mestrado em Gestão de Informação pela Universidade de Sheffield e um doutoramento em Ciências da Gestão pela Universidade de Lancaster. A partir de 1996, desempenhou a função de professor no Instituto Superior de Psicologia Aplicada e na ISEG (Escola de Economia e Gestão da Universidade de Lisboa).


Como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, concluiu o doutoramento na Management School da Universidade de Lancaster em Novembro de 2000. Acumulou vasta experiência como consultor, colaborando com o Governo Regional da Madeira (Direção Regional de Saúde) e participando em diversos projetos de consultoria e investigação em parceria com instituições como o ISEG, INETI, Câmara Municipal de Évora, várias empresas do grupo EDP, Ministério da Saúde de Portugal, Eureko BV, Observatório Europeu da Droga e PWC em Espanha.


Certificado como facilitador profissional e membro da IAF (International Association of Facilitators), teve um papel crucial na conceção das Cimeiras Ibéricas de Líderes de Saúde na Espanha, além de ter sido co-fundador do Fórum do Hospital do Futuro em Portugal. Especializado em GDSS (sistemas de apoio à decisão em grupo), projetou intervenções para otimizar processos de mudança e inovação nos setores de saúde e educação.


Desde 2020, é cofundador da Digital Collaboration Academy, uma empresa sediada em Londres dedicada a facilitar a adoção de ferramentas para a colaboração digital. Autor e editor da série de livros "Arquitetar a Colaboração", aborda princípios, métodos e técnicas de facilitação de grupos. Sua trajetória, combinada à experiência como residente em vários países e presentemente em Portugal, moldou sua abordagem voltada para as estratégias de colaboração e desenvolvimento económico.


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